O jeito certo de conservar batatas na sua casa; atenção

É um dos atos mais comuns e inocentes da rotina doméstica. Você chega da feira ou do supermercado com as compras e começa a organizar os vegetais. As batatas e as cebolas, a dupla de base para incontáveis pratos da culinária brasileira, quase sempre acabam juntas. Seja em uma gaveta, em uma cesta de vime ou em um canto escuro da despensa, parece lógico mantê-las por perto. Afinal, são companheiras no fogão, por que não seriam na prateleira?

Mas, poucos dias depois, a tragédia silenciosa se desenrola. As batatas, que deveriam estar firmes, começam a brotar gavinhas estranhas, como se fossem tentáculos de outro mundo.

As cebolas, por sua vez, perdem a firmeza, tornam-se moles, úmidas e, não raro, desenvolvem uma camada de mofo. Você culpa o calor, a qualidade do produto, mas a verdade é que o culpado é o seu método de armazenamento.

No entanto, e se eu te dissesse que você, sem saber, colocou dois inimigos mortais para dividirem o mesmo teto? E se uma guerra química invisível estivesse acontecendo na sua despensa, onde um acelera a decomposição e o apodrecimento do outro?

A ciência da conservação de alimentos revela uma verdade chocante sobre essa dupla, e entender essa batalha é o segredo para nunca mais jogar comida fora.

O arsenal químico de cada combatente

Para entender essa guerra, você precisa conhecer as armas. De um lado, temos as cebolas, que são grandes produtoras de um gás invisível e poderoso: o etileno. Esse gás funciona como um hormônio de amadurecimento para plantas e frutas. É o mesmo gás que as bananas e maçãs liberam para amadurecer.

Do outro lado do campo de batalha, temos as batatas, que são extremamente sensíveis ao gás etileno. Quando uma batata é exposta a esse gás, ela recebe uma mensagem química para quebrar seu estado de dormência.

O etileno “acorda” a batata, estimulando-a a germinar e brotar muito antes do tempo. É por isso que suas batatas criam aqueles “olhos” e brotos quando guardadas perto de cebolas.

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O contra-ataque da batata: umidade, o inimigo da cebola

Mas a batata não é uma vítima indefesa nesta guerra; ela também tem sua forma de contra-ataque. Batatas possuem um alto teor de água e liberam bastante umidade no ambiente onde estão armazenadas.

E qual é o maior inimigo de uma cebola que deseja se manter firme e seca? Exatamente: a umidade.

Quando a cebola absorve a umidade liberada pela batata, suas camadas internas começam a amolecer. Ela perde a crocância, fica pastosa e esse ambiente úmido acelera drasticamente o processo de apodrecimento e o crescimento de mofo.

Ou seja, enquanto a cebola envenena a batata com gás, a batata afoga a cebola em umidade.

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O tratado de paz: as regras de ouro para o armazenamento perfeito

Felizmente, você pode ser o diplomata que acaba com essa guerra. O tratado de paz é simples e se baseia em uma única palavra: separação.

Para garantir a longevidade dos seus vegetais e acabar com o desperdício, siga estas regras de ouro:

• Regra N° 1: Jamais Juntos! Mantenha batatas e cebolas em locais e recipientes completamente separados. Dê a cada um seu próprio espaço.
• O Bunker das Batatas: Elas amam três coisas: escuridão, frescor e um ambiente seco. Guarde-as em um saco de papel (nunca de plástico, que retém umidade) ou em uma caixa de papelão, em um local escuro e arejado da sua despensa. Mantenha-as longe da geladeira, pois o frio excessivo converte seu amido em açúcar, alterando o sabor e a textura.
• A Fortaleza das Cebolas: Elas precisam, acima de tudo, de circulação de ar. O ideal é armazená-las em um saco de rede, uma cesta de palha ou até mesmo na clássica meia-calça, penduradas em um local fresco, seco e com baixa luminosidade.

Ao entender que sua despensa não é um armazém, mas um ecossistema com interações químicas complexas, você se torna o mestre da conservação. A simples atitude de separar esses dois inimigos mortais garante a paz, economiza seu dinheiro e mantém seus ingredientes sempre perfeitos e prontos para a panela.