O decreto de Milão: o sofá reto e minimalista foi banido
Todos os anos, o mundo da decoração prende a respiração e volta seus olhos para um único lugar: Milão. É no Salão do Móvel que o futuro das nossas casas é desenhado, onde as novas formas, cores e texturas são decretadas e, meses depois, começam a invadir as vitrines e os lares de todo o planeta.
Por anos, o dogma que reinou absoluto foi o do minimalismo funcional. Um universo de linhas retas, ângulos precisos, cores neutras e uma certa frieza elegante. Nossos sofás se tornaram retângulos, nossas mesas, quadrados perfeitos. Era o design da razão, que muitas vezes se esquecia da emoção.
Mas a edição de 2025 do Salão do Móvel chegou para anunciar o fim dessa era. Um novo decreto foi emitido pelos grandes mestres do design, como Patricia Urquiola e Philippe Starck, e a mensagem é clara: o sofá reto e sem graça foi banido. Uma revolução de conforto, ousadia e emoção está a caminho, e sua casa nunca mais será a mesma.
A primeira cláusula: a tirania das curvas e dos volumes
A primeira e mais impactante lei deste novo decreto é a abolição da linha reta como protagonista. O mobiliário de 2025 parece ter sido esculpido, e não simplesmente montado.
- A Forma que Abraça: As quinas pontudas e agressivas dão lugar a curvas generosas e contínuas. Os sofás, como o escultural “Butter” de Faye Toogood, abandonam a rigidez e adotam formas orgânicas, que parecem derreter no ambiente e convidar a um abraço.
- O Volume Teatral: Os móveis agora têm presença de palco. Poltronas e mesas de centro assumem volumes esculturais, quase como obras de arte funcionais. Pense em peças que não apenas ocupam um espaço, mas que o definem, como o sofá “Squash” de Paul Cocksedge, que parece duas almofadas gigantes e macias espremidas uma contra a outra.
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A segunda cláusula: o conforto que te engole e te acolhe
A busca pelo conforto, que se intensificou nos últimos anos, atingiu um novo patamar de exagero. A nova mobília não foi feita apenas para sentar, mas para se aninhar, para ser “engolido” por ela.
- O Efeito “Ninho”: A tendência é de estofados ultra macios, com profundidades generosas e almofadas que parecem nuvens. É o design respondendo a uma necessidade coletiva por segurança, por um refúgio do mundo caótico lá fora.
- Móveis Terapêuticos: Mais do que nunca, o mobiliário é pensado para ser terapêutico. São peças que promovem o relaxamento e o toque, um convite irrecusável a tirar os sapatos, se jogar e esquecer dos problemas.
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A terceira cláusula: a explosão dos materiais sensoriais
Se a casa do passado era para ser vista, a casa do futuro é para ser sentida. A terceira cláusula do decreto de Milão ordena uma explosão de materiais que despertam os sentidos.
Os Materiais do Futuro:
- Texturas que Convidam: Tecidos como bouclé, veludo e pelúcias continuam em alta, cobrindo os novos volumes curvos e pedindo para serem tocados.
- Vidros que Dançam: O vidro deixa de ser apenas uma superfície plana e transparente. Nas mãos de designers como Patricia Urquiola, ele ganha cores, texturas caneladas e formas fluidas, interagindo com a luz de maneira poética.
- Madeiras e Pedras Vivas: A beleza natural é celebrada. Madeiras com seus veios marcantes e pedras com padrões dramáticos são usadas de forma bruta e autêntica, trazendo a força da natureza para dentro de casa.
O decreto de Milão é um reflexo do nosso tempo. Cansamos da frieza e da rigidez. A casa de 2025 é um convite à emoção, um espaço mais humano, mais macio, mais curvo e, definitivamente, mais interessante de se viver.